terça-feira, 25 de setembro de 2007

Paulo Bento: Será "mais" ou será "menos" ?

Antes de mais, quero voltar a pedir desculpa pela demora. De facto, por motivos profissionais, o tempo tem sido totalmente escasso para actualizar o blog, situação que pretendo alterar a partir de hoje. Agradeço a quem cá continua a dar um saltinho...

Quanto a Paulo Bento, acho que começa a ter alguma culpa. Não, não desejo que seja substituído, obviamente, e muito menos o considero como único culpado...

Analisando todo o seu trabalho, então, por partes:

- A Táctica
: Bem, ele lá engrenou no 4-4-2 losango e dali não sairá, a não ser para a sua forma de 3-5-2 que, claramente, pode ser caótica sem os defensores certos. Depois há coisas que me fazem confusão... Porque raio esta equipa não poderia funcionar em 4-3-3 ?! A meu ver, até é mesmo a táctica que melhor se adapta aos jogadores que temos. Se o Vukcevic por ser adaptado a interior esquerdo, posição que não tem nada a ver com a que ele devia jogar (nº10) e se o Moutinho pode ser adaptado a interior direito, esquerdo ou a número 10, quando se vê claramente que é um 6 puro, porque é que o Liedson não poderá jogar "sozinho" na frente ? Não entendo. Um dos seus melhores períodos foi com Douala ao lado, jogador esse que jogava sempre encostado à linha, ficando o Levezinho só no centro. Nota: menos

- O Onze
: Após um início mau e com vários problemas para atinar, não só por alguma teimosia com alguns jogadores como também com uma aposta exagerada na rotatividade, finalmente atinou com um onze-tipo e daí tirou resultados. Em relação a esta época, a equipa parecia estar a engrenar bem. Embora não concorde com algumas opções tácticas de alguns jogadores, como por exemplo Moutinho como médio interior (para mim, é trinco por excelência, como referi) ou Romagnoli a nº10 (rendia mais na esquerda a fazer desequilíbrios nas diagonais do que numa zona onde o remate poderia ser fulcral.), compreendia-se perfeitamente o onze que começou a época como titular. O Ronny não teve concenso geral mas tem cumprido bem e com melhorias no processo defensivo, pelo que não foi má opção. Izmailov tardou a aparecer em bom plano e Vukcevic tem-se mostrado bastante bem.. Começa aqui a primeira questão. Não faz muito sentido mas enfim, ele lá saberá. Derlei estava a afirmar-se como titularíssimo mas assim impõe-se uma alternativa. Purovic ou Djaló ? Bem, eu prefiro o Purovic, de longe, embora ache que, o ideal, seria Liedson sozinho e 4-3-3... Mas isso fica para depois.
A rotatividade tinha ficado de lado. Paulo Bento falou e disse que ía começar a reaparecer. Os resultados estão à vista... Rotatividade ? Sim, sem dúvida. Mas não no onze-titular... Tem de ser feita é nas substituições, descansar os titulares se as coisas estiverem a correr bem, não pode ser assim, como ficou ontem provado. Nota: mais ou menos

- As Substituições
: Aqui acho que falha bastante. Sejam tardias, sejam mal feitas, é uma lacuna que tem de rever. E este tópico mistura-se com o anterior pois, volta e meia, tem opções que influenciam a táctica de forma incompreensível. Ontem, por exemplo, não se entende a saída do Vukcevic. Passou a 2ª parte quase toda isolado na esquerda, com o Ronny, sempre de braços no ar a pedir a bola, pois todos os jogadores do meio campo tendiam a virar-se para o Abel. A indicação era para os jogadores jogarem também pela esquerda e não fazer uma substituição como que a dizer "Muito bem, assim é que é bom. Continuem a jogar só por um lado.". Nota: menos

- A Mentalidade: Acho que esta é a sua principal lacuna. Como tem sido referido, preocupa-se primeiro em não perder e, depois, em ganhar. Ora, esta ideologia até pode ser compreensível... O pior é quando é levada ao extremo. E o extremo é o medo que demonstra em jogos teoricamente maiores. Nesses, das duas uma: Ou o adversário está num dia não e temos um lance de inspiração de um ou mais atletas nossos ou a coisa corre mal... Tem sido praticamente sempre assim. O jogo do Sporting baseia-se num futebol técnico, apoiado, curto, veloz... Porque é que quando chegamos aos jogos mais importantes a estratégia é o constante pontapé para a frente para os gigantes Liedson, Derlei, Djaló, Moutinho, Izmailov ou Romagnoli ? É que dos gajos atacantes que temos, os únicos com estampa física para ganhar bolas pelo ar são o Vukcevic, pela força, e o Purovic, pela altura. Mas estes nunca jogam nesses jogos... Um porque não passa a vida a defender, o outro porque não sabe jogar em contra-ataque. E aqui começa a passagem da mentalidade de amedrontado para os jogadores.
Vencemos na Reboleira com uma equipa atacante, positiva. Vamos jogar com o ManUtd e quais as alterações ? "Epá, é melhor meter mais um médio para ajudar a defender e um gajo que não sabe parar uma bola nem ganha qualquer lance dividido mas vá, ao menos sabe correr e pode ser que ganhe a bola num pontapé pr'á frente ou num alívio...". O mesmo acontece nos jogos contra o Porto, Benfica e alguns fora teoricamente mais complicados. Os jogadores são humanos e estas coisas sentem-se, como é lógico. Nota: menos

- A Liderança: Aqui é dos melhores que passaram pelo Sporting, pelo menos desde que vejo futebol. Ora, não têm havido casos de indisciplina, a equipa não é agressiva nem vê muitos amarelos por faltas duras ou por protestos, é um facto. Os jogadores respeitam-no, também é verdade. Por aqui, tudo óptimo. Nota: mais

- A Comunicação: Tirando o facto de ter uma forma de falar extremamente irritante, que quase tira toda a vontade de o ouvir, sabe perfeitamente dirigir-se à Comunicação Social e expressar-se sobre os jogos. Evita quase sempre falar da arbitragem, sabe reconhecer os erros e sabe cascar na equipa quando sente que é necessário. Que me lembre, e isto é mesmo uma área onde as lembranças são mais vagas, a única grande falha que me lembro é a estranha falta de protecção (que, em boa verdade, nada mais seria que a verdade...) ao guarda-redes Stojkovic após o erro da equipa de arbitragem no Dragão. Nota: mais

- Os Jovens
: Por ser antigo treinador dos juniores, o início da sua prestação enquanto treinador leonino pautou-se por uma aposta forte em jovens, a maioria por ele treinados no escalão inferior. Rapidamente estes se tornaram como jogadores fulcrais no plantel, principalmente Veloso e Nani, juntando-se a Moutinho. Em Janeiro voltou Pereirinha, por lá andava o Djaló. Para esta época pensava-se que poderiam despontar mais uns quantos jovens mas assim não se registou. Havia grande esperança em jovens como Daniel Carriço ou Adrien Silva... O primeiro foi emprestado, em detrimento de Paulo Renato que, nas amostras que vi, não me parece grande jogador; o segundo fez uma excelente pré-época, pensou-se (e continua-se a pensar...) que é a melhor alternativa às 5 opções primárias para o meio campo (contando com Moutinho, Veloso, Romagnoli, Izmailov e Vukcevic) mas Paulo Bento assim não acha e prefere continuar a apostar num inconsequente Farnerud, num Pereirinha que teima em não provar algo de especial e num Paredes que já nem devia constar no plantel. Nota: mais ou menos

Resultado: 2 mais, 2 mais ou menos e 3 menos.

Conclusão: De facto, é um líder. Tem um carácter muito forte e tem conseguido tirar muito dos seus jogadores. Já a nível táctico, tem imensas lacunas...

PS: Para mim, e dados os jogadores disponíveis, o onze-ideal seria:

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

De volta !

Peço desculpa pela imensa demora mas conto estar de volta a tempo inteiro ! Como referi, o tempo tem sido extremamente reduzido, por motivos profissionais, principalmente. Contudo, não posso deixar morrer este cantinho que tanto prezo e espero conseguir postar com a frequência desejada.

Mais logo segue uma análise ao trabalho de Paulo Bento...

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Pequena ausência...

Por motivos profissionais (novo emprego) e pessoais (fim-de-semana fora), não me será possível actualizar o blog antes de segunda-feira, dia 11.

Peço desculpa a quem me vai lendo...

E um obrigado a todos por o fazerem. Prometo voltar em força !

domingo, 2 de setembro de 2007

3ª Jornada - Bwin Liga

(Por me ter descolado ao estádio José Alvalade, para ver o Sporting - Belenenses, não me foi possível ver os jogos de Porto e Benfica, pelo que me limitarei a comentar o jogo da equipa leonina.)

Foi um jogo complicado para a equipa verde-e-branca. O Belenenses é uma das boas equipas do nosso campeonato e provou isso mesmo no jogo desta noite. Muito sólidos a defender, voluntariosos na luta de meio-campo e bastante rápidos nas acções de contra-ataque. Foi assim que se apresentou a equipa de Jorge Jesus neste final de tarde, em Alvalade. Tal como se viu o Porto fazer nos dois recentes jogos contra o Sporting, primeiro na Supertaça, depois na 2ª jornada da Bwin Liga, Miguel Veloso mereceu destaque por parte do treinador adversário e, desta feita, foi Zé Pedro quem não descolou do médio defensivo leonino.


O Sporting não fez um bom jogo. Gostei da garra com que procuraram o golo mas faltou fio de jogo, faltou um meio-campo mais próximo, faltou a equipa mais em bloco. O que é certo é que foi um jogo em que o uso abusivo de pontapé para a frente, por parte dos defesas, foi nota dominante. Analisando individualmente:
  • Stojkovic: Foi quase exagerada a forma como evitou agarrar a bola. De resto, viu uma bola embater-lhe no poste direito da baliza (remate de Ríben Amorim aos 43'), viu Zé Pedro falhar um cabeceamento já quase dentro da pequena área e teve (mais uma) falha a sair à bola num cruzamento. De resto, nada para defender.
  • Abel: Subiu diversas vezes a preceito, de forma a ajudar o ataque pela sua ala, mas falhou várias vezes nos cruzamentos. De facto, tem de melhorar este capítulo pois não é a primeira vez que isso acontece.
  • Tonel: Jogo sem grande trabalho, pois o seu colega de sector, Anderson Polga, esteve em grande destaque e limpou a maioria das jogadas. Acabou por ser substituído por Yannick Djaló aos 66'.
  • Polga: Mais um excelente jogo do central brasileiro, sempre no sítio certo e anulando a maioria dos ataques azuis, invariavelmente com grande classe.
  • Ronny: Voltei a gostar bastante dele. Seguro a defender, soube também atacar pelo seu flanco. Na retina ficaram 3 ou 4 variações de flanco efectuadas na perfeição e dois potentes remates de longe, um deles, na 2ª parte, a passar mesmo muito perto da baliza de Costinha.
  • Miguel Veloso: Esta época não tem começado muito bem para o trinco leonino. O grande final de época que fez, assumindo-se como primeiro e principal lançador de ataque da equipa, faz com que os adversários comecem a tê-lo sob marcação cerrada. Hoje foi Zé Pedro quem não lhe deu um milímetro. Acabou por sair aos 56', dando o seu lugar a Vukcevic.
  • João Moutinho: Tal como Veloso, não fez um bom jogo. Jogou como médio interior, descaído para a esquerda, e não conseguiu sobressair minimamente, estranhando-se até a quantidade de bolas que perdeu, seja em más recepções ou passes mal medidos. Após a entrada do montenegrino, passou para a posição 6 e, aí sim, apareceu bem melhor em jogo, anulando inúmeros ataques do Belenenses. É mesmo a posição em que gosto mais de o ver...
  • Izmailov: Não começou muito bem o jogo mas foi melhorando ao longo deste, aparecendo bastantes vezes pela ala direita, em combinações com Abel ou Romagnoli, principalmente. Não teve assim nenhum lance muito vistoso, mas é um atleta que trata bem a bola e tem uma qualidade de passe acima da média. No entanto, precisa de ser bem mais acutilante ofensivamente, pois está a começar a perder o comboio para Vukcevic, no que concerne à titularidade. Cedeu o seu lugar a Djaló.
  • Romagnoli: Consegue pegar no jogo, consegue transportar a bola passando por 2/3 adversários mas... não sei, parece que lhe falta a última parte. Seja o remate que quase nunca faz, seja o passe que teima em não sair bem, seja o cruzamento que tende a sair mal... Juntando a isto uma total incapacidade de ajudar a defender, graças à sua fraca força física e capacidade de pressão... Enfim, gostaria de ver na sua posição o Vukcevic, nem que fosse uns minutos apenas.
  • Liedson: E o Levezinho lá resolveu ! Não fez um grande jogo. Na primeira parte, andou distante da partida e dos lances de perigo. Na segunda parte apareceu melhor, estando em evidência por três vezes: no golo, na falta que originou o penalty e na recarga do penalty. De resto, não esteve muito bem, caindo várias vezes em fora de jogo, como é seu apanágio. O que é certo é que marcou mais um golo, com um bom cabeceamento a corresponder a um centro perfeito de Vukcevic, golo esse que valeu mais 3 pontos.
  • Derlei: O brasileiro voltou a estar muito bem, na minha opinião. Quando se pensava que Liedson era um caso ímpar de um avançado com tremenda capacidade de sofrimento e de pressão, eis que Derlei prova, jogo após jogo, que isso é mentira. Para mais, mostra ainda mais vontade que o compatriota, indo à luta até em lances nos quais Liedson desiste. Teve 3 grandes desmarcações na primeira parte. Nas duas primeiras, com clara vantagem para marcar, optou por assistir o companheiro de ataque e os lances perderam-se. Escaldado por essas duas opções, na terceira possibilidade, a mais complicada de obter sucesso, escolheu rematar, indo ao lado. Acabou o jogo como médio centro.
  • Yannick Djaló: Entrou para o lugar de Izmailov e jogou como extremo direito. Pessoalmente, acho que é a posição onde rende mais e, numa altura difícil para a equipa, acabou por fazer umas boas arrancadas pela lateral, mas sem grande seguimento. Teve ainda tempo para desperdiçar incrivelmente o 2-0, sozinho na cara de Marco.
  • Purovic: Sempre que entra, parece jogar demasiado encostado às alas. Não sei se é opção técnica, se é o jogador que tem essa tendência, mas o que é certo é que isso acontece e parece bastante contra-natura. A sua posição tem de ser de homem fixo na área, no meio dos centrais. Assim perde-se muito...
Por último, aquele que, na minha opinião, acaba por ser o MVP da partida, pela forma decisiva como mudou os acontecimentos: Simon Vukcevic.
Tal como aconteceu no Dragão, o montenegrino entrou e mudou o jogo da equipa. Rápido, com grande controlo de bola e muita força no contacto ombro-a-ombro, impôs rapidamente o seu jogo e a sua presença. É do seu pé esquerdo que sai o milimétrico cruzamento que permitiu a Liedson fazer o golo que ditou o resultado final da partida.
De facto, as prestações de Vukcevic parecem não dar alternativa a Paulo Bento que não colocá-lo como titular, pois este está num excelente momento de forma e é, sem quaisquer dúvidas, um verdadeiro reforço.

No lado do Belenenses, destaque para a excelente exibição do trinco Ruben Amorim e do lateral esquerdo Rodrigo Alvim. Penso que a equipa sentiu muito a falta do seu organizador de jogo por excelência, Zé Pedro, que hoje andou demasiado preocupado com Miguel Veloso. Na frente, nota-se que falta uma referência, alguém que consiga jogar em cunha no meio dos centrais, tal como fazia Dady a época passada.

O Sporting segue em 3º lugar, com 6 pontos, menos 3 que Porto e que o surpreendente Marítimo, enquanto que os azuis do Restelo estão numa complicadíssima e inesperada 15ª posição, com apenas 1 ponto em 3 jogos.